Último painel do 4º Congresso Aberje Rio: rumos da Comunicação Empresarial

Qual o perfil do profissional de comunicação empresarial do qual o mercado precisa?

Para Paulo Nassar, Diretor-geral da Aberje e Prof.Dr. da ECA-USP, os comunicadores de hoje estão discutindo temas transversais, como segurança, biodiversidade, marcos regulatórios, especificidades culturais, ou seja, o profissionais devem ter um perfil multidisciplinar para atuar em um mercado muito mais complexo, com muitas variáveis e que, cada vez mais, exige  uma visão estratégica do comunicador. Além disso, as empresas, principalmente com a proliferação das redes sociais, têm o desafio de lidar com a alteridade, ou melhor, com várias subjetividades produzindo conteúdo sobre as organizações. E qual o papel do comunicador frente a essa realidade?

Nassar aponta que a área comunicacional está indo (ou deve ir), cada vez mais, para a área de inteligência, e o profissional deve ser capaz de definir qual informação é estratégica para a organização, analisá-la e organizá-la de forma afetiva para compartilhar com os stakeholders. Ele acredita que é necessário “liberar” a comunicação, quer dizer a comunicação tem de sair da lógica da produtividade (house organs, veículos vários) e focar na subjetividade, no diálogo, na criatividade. Mais do que produzir, a comunicação tem de sentir, gerar emoção e envolvimento. É uma nova lógica: a do afeto.

A pergunta que fica: as organizações estão preparadas? E os profissionais de comunicação?

4º Congresso Aberje discute megaeventos como oportunidade de comunicação

As opções e oportunidades de investimento em comunicação corporativa ligados a eventos esportivos foram debatidas pelos profissionais Carina Almeida (Sócia-diretora da Textual),     Flávio Castro (Diretor da FSB Comunicações),  Gaetano Lops (Diretor-geral da Rio 360 Comunicação) e Marcos Malafaia (Presidente do Instituto Superar e responsável pelo
Comitê Paraolímpico Brasileiro) no 4º Congresso Aberje Rio, realizado no Planetário da Gávea, nesta sexta, dia 29 de outubro. Todos os palestrantes, embora pontuando aspectos diferentes, concordam que há uma carência de profissionais de comunicação para atuar em megaeventos.

Para Carina Almeida, cada vez mais ações de relações públicas são fundamentais para ativação do relacionamento via política de patrocínio de grandes eventos. Ela sinalizou que as oportunidades desse mercado devem ser, nos próximos anos, em dois temas bem específicos: sustentabilidade (por exemplo, como realizar uma Copa Verde) e acessibilidade.

Já Malafaia, do Instituto Superar, destacou que as Olimpíadas de Atenas foram um marco para a mudança de percepção que as Paraolimpíadas têm hoje no Brasil. Segundo ele, foi através da comunicação (houve um pool de empresas de comunicação no Brasil para a cobertura das Paraolimpíadas) que o evento se tornou um produto de alto retorno para eventuais patrocinadores no Brasil – afinal, em 2004, o Brasil foi o país com maior índice de audiência da cobertura paraolímpica, interesse esse que cresceu nas Olimpíadas da China. Ele destaca, no entanto, que os investimentos nos atletas paraolimpícos ainda é muito menor que o olímpico – menos do que 3% – apesar do Brasil já ser uma potência na paraolimpíada. Malafaia sinalizou que com o desempenho de alto rendimento dos nossos atletas e a visibilidade ainda maior que o esporte Paraolímpico terá com a Olimpíada sendo realizada no Rio de Janeiro, há oportunidades para profissionais de comunicação nessa área. No momento, no entantao, há carência de profissionais que conheçam esse universo.

Gaetano Lopes destacou as oportunidades, no Brasil, do crescimento (exponencial) do patrocínio corporativo esportivo, pela visibilidade dos dois principais megaeventos mundiais que serão realizados nos próximos seis anos:  Copa do Mundo e Olimpíada. Paradoxalmente, ele acredita que não temos, no momento, empresas de comunicação suficientes para “surfar” nessa onda de oportunidades que os megaeventos vão trazer para o Rio de Janeiro e para o Brasil e nem profissionais de comunicação com esse perfil.  Finalizando essa mesa redonda, Flávio Castro apontou que a realização dos grandes eventos no Brasil são consequência do novo posicionamento do Brasil no cenário mundial, com estabilidade econômica e amadurecimento político.

Resumo: o profissional de comunicação deve estar preparado para esse novo campo de trabalho que se abre com a realização desses dois megaeventos no país. Mas, há proporcionalmente, uma imensa dificuldade em encontrar profissionais preparados para atuar nesse nicho de mercado.